Dicas de Como Conferir o Resultado de um Hemograma
É muito importante cuidar da saúde. Isso todo mundo sabe. Mas muitas pessoas tem desconfiança nos médicos e na ciência, e não é pra menos, com todos os casos de negligência médica que ocorrem todos os anos, que podem custar, até mesmo, a vida dos pacientes. E muita gente não confia nos exames passados pelos médicos e na apatia com a qual, uma boa parcela desses profissionais, trabalham. Muitos diagnósticos são feitos de maneira errada ou irresponsável, e toda a comunidade médica acaba por pagar o pato. Por isso se deve levar muito a sério os resultados dos exames.
ATUALIZADO 2024
Um dos exames mais importantes a se fazer é o hemograma. Um dos mais utilizados e requeridos pelos médicos, o hemograma pode revelar várias condições e características do sangue de uma pessoa com um simples exame. Mas vale lembrar que hemograma e exame de sangue não são a mesma coisa. Enquanto o exame de sangue faz diversas análises de taxas no seu sangue, com a taxa de colestorol, proteínas, bactérias, e até mesmo de vírus que podem causar danos a nossa saúde. Já o hemograma é um exame do sangue, literalmente. Ele calcula as taxas das substâncias que compõem o sangue, que são basicamente os glóbulos vermelhos (hemácias), glóbulos brancos (leucócitos) e plaquetas.
O objetivo do nosso artigo é te informar sobre como funciona o hemograma tão requisitado e como ler seus resultados. Primeiro, um pouco de história. Antes, um hemograma não tinha um padrão a ser estabelecido para comparação. Isso até os anos 60, quando uma comissão médica estabeleceu padrão baseado em exames feitos numa parcela da população, sendo que os valores padrões foram estabelecidos em cima do resultado de 95% das pessoas saudáveis, sendo que os outros 5% fariam parte da “margem de erro” do hemograma, 2,5% para mais, e 2,5% para menos, já que as pessoas podem estar saudáveis, mesmo com as suas taxas um pouco acima ou um pouco abaixo do padrão, desde que esse “um pouco” não ultrapasse os 2,5%.
Não podemos informar aqui valores exatos de normalidade para cada resultado do hemograma, já que cada clínica ou laboratório tem seus padrões e a diferença entre eles é mínima e eles tem a responsabilidade de informar os valores que usam de padrão nos papéis do exame entregue ao paciente. Vamos começar, então. A primeira parte de um hemograma é a contagem de hemácias, ou eritrócitos. Esta parte do exame pode indicar um quadro de anemia, quando os valores estão abaixo do padrão. Quando acima do padrão, pode indicar um quadro de policitemia. As hemácias representam cerca de 45% da composição sanguínea. O restante é de água e os outros compostos. Se a anemia for atestada, isso significa que o sangue estará com deficiência de oxigenação, enquanto que no quadro de policitemia, isso signica que o sangue está espesso e dificultando a circulação no corpo, podendo gerar coágulos.
A parte das hemácias responsável por transportar o oxigênio é a hemoglobina. Ela é o nível mais fácil de se precisar quando se está tentando diagnosticar um quadro de anemia. Outra parte do eritrograma é a medição do volume globular médio, o VGM, que também é conhecido como volume corpuscular médio, o VCM. Ele serve para medir o tamanho dos glóbulos vermelhos. Valores altos indicam hemácias macrocíticas, grandes. Valores baixos indicam hemácias microcíticas, pequenas. Isso também é importante para diagnosticar uma anemia com mais precisão, já que existem muitos tipos de anemia. A anemia com quadro de hemácias macrocíticas é causada pela falta de ácido fólico, enquanto que a microcítica indica a anemia ferropriva, que é causada pela falta de ferro. Mas anemias com hemácias de tamanho normal são possíveis.
Hemácias grandes também podem indicar quadro de alcoolismo, já que esta doença atinge a concentração de hemoglobina nas hemácias. Outra parte do exame de hemograma mede a taxa de hemoglobina nas hemácias, é o CHCM ou CHGM. Ela mede o peso que a hemoglobina ocupa nas hemácias. A escassez de hemoglobina atesta hemácias hipocrômicas, e o excesso, hemácias hipercrômicas. Também serve para diferenciar os vários tipos de anemia. Já o RDW é uma parte do exame que mede a diferença de tamanho entre as hemácias do sangue. Quando existe uma diferença de tamanho muito grande entre as hemácias, isso pode indicar um quadro de carência de ferro, que leva a produção de hemácias pequenas demais. Os demais dados desta parte do exame só seriam úteis para quem é formado em medicina, já que você precisaria ser uma especialista no assunto para achar utilidade no restante das informações.
A segunda parte do exame de hemograma mede a sua taxa de leucócitos, ou glóbulos brancos, como quiser chamar. Os glóbulos brancos são responsáveis por defender o corpo de invasões. Eles são mais complexos que parecem, uma vez que estão organizados de maneira que, uma parte deles serve para atacar os agentes estranhos na corrente sanguínea, e os outros são responsáveis por produzir anticorpos, e outros só indentificam o invasor. A taxa de normalidade é bem extensa, entre 4000 e 11000/ml. Os leucócitos são compostos basicamente de 45 a 75% de neutrófilos, que são responsáveis por combater infecções.
Um alto grau de neutrófilos indicam um quadro infeccioso, uma vez que a medula óssea libera a formação em grande quantidade destas células, para combater bactérias, gerando assim, uma alta taxa de neutrófilos. O tempo de vida deles é curto. Um ou dois dias, no máximo, até a infecção ser controlada. Depois o corpo retorna as suas taxas normais. Neutrofilia é o quadro de excesso de neutrófilos, e neutropenia, da sua escassez no sangue. Outra parte do exame é a medição da taxa de bastões. Estes bastões são os neutrófilos jovens.
Quando estamos doentes, a medula-óssea lança na corrente estes bastões. A taxa normal de bastões na corrente é de apenas 4 ou 5%. Mais do que isso, pode indicar um quadro infeccioso a caminho, uma vez que os bastões são usados apenas em emergências no corpo. No jargão médico, esse excesso é chamado de “desvio à esquerda“, devido a posição que os bastões ficam dispostos na lista com os resultados do hemograma.
Já os linfócitos são mais comuns que os bastões. Vão de 15 a 45% da composição dos glóbulos brancos. São os principais agentes no combate a infecções virais, como tumores. Eles também produzem os anticorpos. Um alto grau de linfócitos pode indicar um grau de infecção viral a caminho, ou já em curso, podendo ultrapassar até a taxa de neutrófilos. Os linfócito é o agente imune mais importante do sangue, já que fica a seu cargo, reconhecer e combater agentes estranhos, ativando o sistema imunológico. Eles também são decisivos na aceitação ou rejeição de um orgão doado.
E eles também são a maior vítima da AIDS. Isso por que o vírus HIV ataca justamente o sistema imunológico. É ali que se esconde a arma letal da AIDS. Ela não é uma doença que te mata, mas uma doença que te enfraquece, fazendo com que você possa morrer com outra doença que não te matariam se seu sistema imunológico estivesse saudável. Por isso, um quadro de linfócitos escassos pode indicar uma infecção viral com a a AIDS. O excesso de linfócitos é conhecido como linfocitose, e a falta, como linfopenia.
Os monócitos também fazem parte dos glóbulos brancos, mas só representam de 3 a 10% de sua composição. Agem tanto no combate a bactérias, como no combate a vírus. Quando um germe ataca algum tecido do corpo, é o monócito que deve atacar os seres invasores, tornando-se um macrófago, trocando em miúdos, ele “come” os germes. O excesso de monócitos pode indicar um quadro infeccioso crônico, como a tuberculose, por exemplo.
Já os Eosinófilos são a segundo menor parte dos leucócitos, representando apenas de 1 a 5% de sua composição. Eles são responsáveis por combater alergias e agir em quadros de asma ou infecção no intestino por ação de parasitas. Um excesso de monócitos no sangue (eosinofilia) pode indicar um quadro alérgico ou infeccioso. A eosinopenia é a falta deste componente no sangue. E os basófilos são os menos comuns, representando pouco mais de 0 a 2% da composição dos leucócitos. Eles atuam nos casos de alergia e inflamações crônicas. Então, basicamente, o aumento de leucócitos é chamado de leucocitose, e a escassez de leucopenia.
As causas variam, mas a falta ou excesso de leucócitos se dá mais pelas variações das taxas dos componentes mais significativos, como os neutrófilos e linfócitos. Um quadro grave de leucocitose é a temida leucemia, o excesso de glóbulos brancos no sangue. O câncer no sangue, como alguns chamam. As taxas de glóbulos brancos num portador da doença pode, facilmente, ultrapassar os 50.000/ml. Num quadro infeccioso grave, pra se ter uma ideia, a concentração é de, “apenas”, 20.000 a 30.000/ml.
Já a falta de glóbulos brancos se dá por lesões na medula óssea causadas por quimioterapias, uso de drogas, infecções cancerígenas ou de microrganismos.
A terceira e última parte do exame é a da taxa de plaquetas. Elas que coagulam o seu sangue quando você se machuca. Basicamente é assim: você lesiona um tecido e o sangue manda a informação para a medula, que envia plaquetas ao local da ferida, para fechá-la. Isso faz com que um sangramento pare antes de perdermos muito sangue. Sem as plaquetas, um corte poderia nos fazer sangrar até a morte. O normal é que os valores sejam de 150.000 a 450.000 plaquetas por uL (microlitro), mas mesmo em condições adversas, com apenas 50.000 por uL, o sangue ainda pode ser coagulado com facilidade e você pode saber todas as taxas através de um hemograma.
Um valor abaixo de 10.000 pode gerar um quadro grave, levando a morte por sangramento espontâneo. A essa falta de plaquetas, chamamos trombocitopenia. O aumento é trombocitose. Essa parte do exame é necessária entes de intervenções cirurgicas ou quando ocorrem sangramentos sem explicação. Se duas das taxas sanguíneas estiverem abaixo do normal, chamamos o quadro de bicitopenia. Quando há baixa nos três níveis, chama-se pancitopenia. Doenças que causam inflamações crônicas, como o lúpus, podem indicar a falta de um ou mais dos elementos do sangue. Qualquer lesão na medula óssea pode levar a um quadro de baixa nos níveis sanguíneos.
É importante lembrar que não se faz necessário o jejum antes do hemograma, como acontece no exame de sangue. E quando alguém lhe falar em hemograma completo, não se alarde, todo hemograma é completo, o uso da palavra “completo” é um vício de preciosismo. O que seria um hemograma “incompleto”, recebe o nome apenas da parte do exame a que se refere. Se o médico pedir, por exemplo, uma avaliação apenas das hemácias, pedirá um eritrograma, não um hemograma. Para glóbulos brancos, apenas, ele pedirá um leucograma, e para as plaquetas um plaquetograma, então é óbvio que, se ele pede um hemograma, ele quer a avaliação dos três níveis.
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